Metade
da população sofre com o problema, que não é exclusivo de adolescentes. Além de
cuidados de higiene e uso de produtos específicos, é indispensável procurar um
dermatologista para evitar que a doença deixe marcas, tanto físicas como
psicológicas.
Contrariando um pensamento comum, a acne deve ser
considerada uma doença crônica: em quase cinquenta por cento dos casos,
persiste após a puberdade. A dermatologista Renata Brito diz que a acne vulgar,
típica da adolescência, tem causas bem conhecidas, geralmente relacionada são
aumento de produção sebácea e à colonização bacteriana. “Em adultos, não foi
ainda identificada uma razão para o seu surgimento. A fisiopatologia da doença
também não é totalmente compreendida”, observa.
“Alguns fatores que podem levar ao seu aparecimento
são alterações hormonais (hiperandrogenismo), alimentação de alto índice
glicêmico, consumo de produtos lácteos e derivados. A acne cosmética surge
devido ao uso de cosméticos oleosos, que entopem os poros, levando à oclusão folicular.
Este é outro fator que deve ser pesquisado”, explica a médica.
Outro fator provável, sobretudo em mulheres, é o
estresse. “Os hormônios que controlam a secreção fisiológica de cortisol são
alterados pelo estresse e influenciam diretamente a função da glândula
sebácea”, esclarece.
Estudos recentes sugerem que a acne de início
tardio e com predominância de comedões (cravos) pode ter estreita relação com o
tabagismo. “É importante ressaltar que algumas pessoas já têm predisposição
genética para a acne e para a formação de cicatrizes pelas lesões
inflamatórias”, destaca.
Quando se inicia na fase adulta, a acne costuma ser
leve a moderada e é mais comum no sexo feminino. Tanto em homens, como em
mulheres, a área mais afetada é a face, nas regiões de maior produção sebácea:
testa, áreas nasal e paranasal e queixo.
A doença gera impactos emocionais tão fortes quanto
em adolescentes, podendo trazer ansiedade e depressão. “Se persiste por mais
tempo, aumentam as chances de gerar cicatriz, exigindo atenção para não afetar
a autoestima”, lembra a médica.
Avaliação médica é essencial:
Em casos bem leves, o uso isolado de higienizadores
pode funcionar. Na maioria das vezes, é importante a avaliação de um
especialista, inclusive para evitar produtos e medicamentos que possam trazer
efeitos colaterais a longo prazo.
A intervenção precoce é essencial. No dia a dia, é
necessário evitar fatores que podem causar ou agravar a acne, como alimentos
com alto índice glicêmico (massas, pães, tortas) e cosméticos oleosos,
inclusive protetores solares.
“O ideal é fazer uma higienização, no mínimo duas
vezes ao dia, com produtos para comedões (retinoides tópicos ou similares);
para lesões inflamatórias (com antibióticos tópicos como eritromicina,
clindamicina, sulfacetamida); ou antibacterianos, como o peróxido de benzoíla.
O filtro solar deve ser oil free, indicado por
um dermatologista”, orienta a especialista. Outra recomendação fundamental é
nunca mexer nas lesões.
Para uma limpeza mais vigorosa, são indicados
produtos que contenham ácido salicílico, enxofre, triclosano (anti-séptico) e
antibacterianos (peróxido de benzoíla).
A isotretinoína oral é a medicação mais eficaz
em todas as etapas da fisiopatologia da acne, mas deve ser bem acompanhada e
indicada, pelos potenciais efeitos colaterais e restrições associadas. “Sempre
se orienta uma manutenção, muitas vezes apenas com higienizadores ou produtos
tópicos simples”, destaca a dermatologista.
Terapias à base de luz:
Entre os tratamentos mais novos estão os que
utilizam a luz, como terapia fotodinâmica com e sem agentes fotossensibilizantes,
luz visível, luz de banda estreita específica, luz intensa pulsada e pulsed dye-laser.
“Evidências recentes sugerem que as tecnologias à
base de luz são úteis no tratamento associado ou como alternativa aos pacientes
que não toleram a terapia convencional. No entanto, muito ainda deve ser
estabelecido em relação à dose, às máquina ideais e à frequência das
aplicações”, observa a Dra. Renata Brito.
A dermatologista Juliana Neiva recomenda “a terapia
fotodinâmica multiwaves e o laser LED luz azul,
de baixa frequência, para reduzir a oleosidade e a acne ativa e o E-matrix,
radiofrequência subablativa, que atua nas camadas profundas da pele e estimula
a regeneração do tecido, para tratar as cicatrizes de acne. O laser Spectra
clareia manchas pós-inflamatórias e ajuda a fechar poros abertos”, explica.
Em mulheres, o uso de determinados
anticoncepcionais pode ser aconselhado. “Em muitos casos, a causa da acne é a
oleosidade. Pílulas com progesterona e efeito antiestrogênico são recomendadas
para diminuir a produção de óleo”, explica a ginecologista Penélope Saldanha
Marinho.
Cada alternativa é direcionada para um caso
específico. Seguir as orientações médicas e fazer a manutenção diária em casa
são práticas fundamentais para controlar a acne e evitar seu reaparecimento.
Fases da acne :
A acne pode ser classificada em três estágios:
- leve – comedoniana e papulo-pustulosa, apresenta
cravos abertos e fechados;
- moderada – papulo-pustulosa e mista, causa
vermelhidão, bolhas inflamadas com pus e pequenos nódulos;
- grave – nodular e conglobata, caracteriza-se por
nódulos, abscessos e cistos purulentos, bastante inflamados.
Na cabine do esteticista :
O tratamento indicado pela esteticista Isabel Luiza
Piatti evita as indesejáveis sequelas da acne. É essencial manutenção diária,
em casa.
Protocolo da 1ª à 5ª sessão e da 7ª à 11ª sessão.
Higienização:
1. Fazer a assepsia das mãos do profissional e do
cliente com fluido antisséptico à base de clorhexidine, dimeticone e ureia.
2. Higienizar rosto, pescoço e colo (ou a região a
ser tratada) com sabonete líquido de ácido salicílico a 2%, extrato de grapefruit,
gluconolactona e PCA zinco.
3. Utilizar esfoliante mecânico com efeito gomagem,
massageando com movimentos suaves e circulares até formar grumos, secar e sair
totalmente. Retirar os resíduos com lenços umedecidos. Produto contraindicado
em peles acneicas de 3° e 4° graus.
Tratamento:
4. Utilizar produto para fluidificação da
seborreia, contendo carbonato de sódio, com a corrente galvânica na polaridade
negativa, por 5 minutos. Em seguida, passar mais 5 minutos em toda a região,
com algodão umedecido em águas termais, na polaridade positiva.
5. Alta frequência por 5 minutos, por toda a área.
A pele deve estar bem seca.
6. Aplicar loção antioleosidade, antisséptica,
anti-inflamatória e reepitelizante, sem álcool, com tamborilamento.
7. Aplicar sérum com ativos
como ácido hialurônico, acnebiol, azeloglicina, hibiscus vermelho e
nanocápsulas de silícios orgânicos e aminoácidos.
Finalização:
8. Dissolver argila para pele oleosa em águas
termais, em consistência cremosa. Aplicar camada generosa, esperar secar e retirar.
9. Finalizar com protetor solar para peles oleosas,
com proteção química, física e biológica.
Protocolo para a 6ª e 12ª sessões, quando são
feitas as extrações.
higienização
Repetir os passos 1, 2 e 3.
Tratamento
4. Fazer emoliência, usando compressas de algodão
umedecidas com dilatador de poros, líquido ou em creme, à base de
trietanolamina, para amolecer os comedões. Deixar 10 minutos.
5. Retirar as compressas à medida que fizer as
extrações. Repor novas, umedecidas em loção sem álcool, com ação antioleosidade,
antisséptica, anti-inflamatória e reepitelizante, para obter efeito calmante,
nos locais drenados.
6. Retirar as compressas e utilizar alta frequência
5 minutos. A pele deve estar seca e sem produto, para que o ozônio atue bem. Se
necessário, usar o eletrodo fulgurador nos locais de esvaziamento de pústulas,
por 3 a 5 segundos, sem encostar na pele.
7. Aplicar sérum à base de
ácido hialurônico, acnebiol, azeloglicina, hibiscus vermelho e nanocápsulas de
silícios orgânicos e aminoácido, com tamborilamento, para absorção.
Finalização:
8. Aplicar camada generosa de máscara
descongestionante pós-extração, com betaglucan e extratos de melissa, camomila,
sálvia, erva-doce e ginkgo biloba. Deixar 20 minutos ou fazer drenagem
linfática manual.
9. Retirar e finalizar com protetor solar específico
para peles oleosas.
Indicação: duas a três sessões semanais, num total de 12.
Consultores: Dra. Renata Brito, dermatologista, membro efetivo da
Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, Dra. Juliana Neiva, dermatologista, membro da SBD, Dra. Penélope Saldanha Marinho,
ginecologista, Isabel Luiza Piatti, esteticista da
Buona Vita.
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