By Suzi,
Por Sara Reardon e Nature magazine
Uma técnica que
deixa cérebros de camundongos transparentes mostra como todo o órgão responde à
dependência de cocaína e ao medo.
As descobertas
poderiam expor novos circuitos cerebrais envolvidos em reações a drogas
No método,
conhecido como CLARITY, cérebros de cobaias são infundidos com
acrilamida, que forma uma matriz nas células e preserva sua estrutura,
juntamente com o DNA e as proteínas dentro delas. Em seguida, os órgãos são
tratados com um detergente que dissolve lipídios opacos, deixando as células
completamente claras [transparentes].
Para testar se o
processo CLARITY poderia ser empregado para mostrar como cérebros reagem a
estímulos, os neurocientistas Li Ye e Karl Deisseroth da Stanford University,
na Califórnia, alteraram camundongos geneticamente para que seus neurônios
produzissem uma proteína fluorescente quando disparados. (O sistema é ativado
através da injeção de uma determinada substância medicamentosa.)
Em seguida, os
pesquisadores treinaram quatro desses camundongos a antecipar um doloroso
choque em seus pés quando eles eram colocados em uma caixa especial. Outro conjunto
de cobaias depositadas na mesma caixa recebia uma dose de cocaína, em vez de
choques.
Assim que os
camundongos aprenderam a associar a caixa a estímulos de dor ou a uma
recompensa que criava dependência, os cientistas testaram como os cérebros dos
animais reagiam aos estímulos.
Para isso, eles
injetaram os camundongos com a droga que ativava o sistema de proteínas
fluorescentes, colocaram os animais na caixa e aguardaram durante uma hora para
dar tempo para que seus neurônios disparassem.
O próximo passo foi
remover os cérebros dos animais, tratá-los com a técnica CLARITY, e submetê-los
a um processo de imageamento capaz de contar cada célula fluorescente através
de todo o cérebro.
Um computador
combinou essas imagens formando um modelo tridimensional de um cérebro, que
mostrou claramente os caminhos que se iluminavam quando os camundongos estavam
com medo ou antecipando uma dose de cocaína.
Deisseroth explica
que está cada vez mais evidente que comportamentos complexos, como a
dependência de alguma substância, se devem a conexões e comunicações cruzadas
entre diferentes partes do cérebro, e não de uma atividade em uma única área
cerebral.
Ye apresentou os
resultados em 14 de novembro na conferência do Instituto Nacional sobre Abuso
de Drogas, em Bethesda, Maryland.
Na ocasião, o
cientista anunciou que seu grupo agora pretende alterar camundongos
geneticamente para que os caminhos identificados nessa pesquisa também possam
ser ativados por um flash de luz. Eles querem verificar se isso fará com que os
animais reajam como se estivessem amedrontados ou felizes.
Este artigo foi reproduzido com
permissão e foi publicado originalmente em 18 de novembro de 2014.
Publicado em www.scientificamerican.com
em 19 de novembro de 2014
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